sexta-feira, 23 de março de 2012

Sobre o ser filósofo, escritor e educador

Hoje, 23 de março de 2012, completo 38 anos. Aproveito a data para fazer uma reflexão sobre quem sou eu, como me vejo hoje, depois de ter vivido tantas identidades diferentes desde que me percebi na adolescência. Qual identidade, ou melhor, quais identidades me representam? É o que irei compartilhar com vocês nesse texto.
Nos últimos meses meu entusiasmo com a tecnologia tem crescido tanto que já possuo inclusive página no facebook e um blog (a demora em me encantar com a tecnologia deve-se a minha antiga identidade, que não era muito chegada ao universo tecnológico, retardando muito minha inclusão digital).  A questão que pretendo discutir com vocês nasceu quando precisei, seja ao assinar um texto, ou falar da minha ocupação, dizer o que eu era ou o que fazia. Dizer o que “se é” ou que ”se faz” é falar sobre a categoria da identidade.
Num primeiro momento, não tive dúvida: “Sou filósofo! Ora, o filósofo não é aquele que é amigo do saber, que busca o conhecimento? É justamente isso o que sou e faço.” Logo em seguida, pensei: “Opa, também sou escritor, afinal, o que é isso que estou fazendo agora ao escolher as palavras mais adequadas para me expressar?" Mesmo que alguém não aprecie o que digo, não pode negar que escrevo.  Definitivamente, sou escritor.   
Não demorou e o Zebé educador surgiu: sempre fora evidente para mim que todo filósofo, que deve ter seu pensamento organizado de forma escrita, sendo, portanto, escritor, é também um educador, pois ao exercer seu ofício está procurando mostrar outras possibilidades de vermos o mundo, transformando, ou seja, educando, nosso olhar.
            Era isso! Não vacilei e digitei: filósofo, escritor e educador!
Logo meu senso crítico-reflexivo entrou em ação: “Espera aí, o que as outras pessoas vão achar disso?” Alguém poderia pensar: “Metido ele, não? Onde já se viu! Filósofo de verdade tem que ter no mínimo doutorado!” Outra pessoa poderia dizer: “E ainda se diz escritor, nunca li nenhum livro dele.” Ou então: “Mas a maior petulância é se achar educador, Paulo Freire deve estar se revirando! Nunca vi um método de ensino que não viesse dos grandes mestres, como o de Paulo Freire!”
Apaguei tudo imediatamente. Mais uma crise havia se instaurado! Mas, como vocês sabem muito bem, momentos de crise são também momentos de revisão, de retomada, de possibilidades, enfim, de abertura para o novo. Imediatamente, apelei para uma habilidade que aprendi recentemente com um pensador bem relevante para o pensamento não só pedagógico, mas também sociológico e epistemológico, Philleppe Perrenoud, a capacidade de “reflexão na ação”, e resolvei digitar novamente, me referindo a mim mesmo: filósofo, escritor e educador.
Antes, porém, de falar por qual razão me identifico com os atributos que caracterizam tais identidades, abordarei o conceito de identidade.
Identidade é a tomada de consciência daquilo que se é. O termo se refere à identidade individual e pessoal de cada indivíduo. Para Ivani Fazenda, renomada especialista brasileira em interdisciplinaridade, a identidade pessoal:

“é algo que vai sendo construído num processo de tomada de consciência gradativa das capacidades, possibilidades e probabilidades de execução; configura-se num projeto individual de trabalho e de vida.” E, claro, como nenhuma ser humano é uma ilha, “não pode ser dissociado de um projeto maior, o do grupo ao qual o indivíduo pertence, às suas vinculações e determinações histórico-sociais no qual o sujeito está inserido.” (Ivani fazenda, 1994, p. 48)
Não é difícil concluirmos que nossas “capacidades, possibilidades e probabilidades de execução” dos nossos projetos (de trabalho e de vida) estão diretamente ligadas ao nível de “consciência daquilo que se é”, ou seja, quanto mais nos conhecemos, mas somos capazes de nos realizarmos.  
De uns tempos pra cá, outra coisa não tenho feito se não construir minha própria identidade. Hoje tenho cada vez mais me realizado nas de filósofo, escritor e educador, as quais, autodidaticamente (já que a maioria de nós não aprende quase nada relevante nas instituições oficiais de ensino, de todos os níveis e todas as redes), tem assimilado criticamente.
Aproveito o dia de hoje para começar a compartilhar com vocês o que penso ser o filósofo, o escritor e o educador e por qual razão acredito ter os (pelo menos alguns) atributos que definem tais identidades.
Hoje foi a primeira parte, espero o quanto antes, postar a continuação. Fico por aqui, agradecendo a você que decicou  seu precioso tempo para me ouvir.

Obrigado e até breve,

Zebé Neto
filósofo, escritor e educador  

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