quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Projeto Político Pedagógico e a intencionalidade da ação escolar

Quem acompanha o Cabeça Bemfeita já sabe que eu, Zebé Neto, até recentemente apenas um mediano professor de filosofia, hoje filósofo, escritor e educador (para quem me ler pela primeira vez, não julgue que estou “me achando”, como se diz por aí, apenas me reconheço como ignorante, portanto, filósofo, gosto de “lerescrever”, portanto, escritor, e procuro, diariamente, superar minha condição sócio-histórica e cultural, portanto, educador), venho investindo na construção de uma nova identidade profissional.


Nesse meu movimento (confuso, duvidoso e incerto no começo, mais claro, rigoroso e sistemático no presente), fui me aproximando do conceito de professor reflexivo ou intelectual transformador da realidade. Como já falei em outras oportunidades, para além do mero técnico especialista, executor de atividades previamente determinadas, tal profissional é um sujeito crítico, reflexivo, capaz de compreender de forma rigorosa, sistemática e de conjunto o contexto no qual está inserido, além de estar comprometido com os valores éticos, políticos e estéticos que promovam a dignidade humana.


Todo esse processo de busca e construção identitária teve início quando eu, na época, ainda professor de filosofia numa tradicional escola particular do Recife, comecei a indagar a equipe gestora sobre qual era, afinal, o nosso Projeto Político-Pedagógico (PPP).


Havia sido afastado das aulas do Ensino Médio da referida instituição, pois, segundo foi alegado, “meu trabalho não estava atendendo às perspectivas da escola”. Como ainda era um típico representante do fenômeno da alienação, num primeiro momento até aceitei numa boa o acontecido, pois sabia (ainda  que ingenuamente) que realmente me faltavam vários saberes, conhecimentos e competências para que eu fosse considerado um “bom professor”. Mas, logo em seguida, comecei a questionar: “Por que meu trabalho não está em sintonia com as perspectivas da escola? Aliás, quais são as diretrizes da escola?”


Mesmo não sendo na época nem crítico e nem reflexivo, sabia que o documento que sistematiza as ideias e ações da escola é o Projeto Político-Pedagógico. Passei, então, a pedir a equipe gestora que discutíssemos sobre quais eram os pressupostos teóricos que fundamentavam o trabalho da escola, para ver até que ponto meu trabalho se aproximava ou se afastava das diretrizes da instituição.


Apesar do meu posicionamento ter resultado na minha demissão, pelo menos hoje tenho uma compreensão mais clara do que seja o famoso PPP. E o que é, afinal, esse documento que todo mundo reconhece sua importância, mas que poucos se propõem a discutir ou estudar?


Analisando os termos que formam a expressão, temos: “projeto”, “político” e "pedagógico". “Projeto”, do latim projectare, em português, projetar, ou seja, lançar para à frente, v. tr.atirar à distância. Um projeto é, na dimensão humana do pensar e do fazer, uma ideia ou proposta que é concebida no presente e lançada para à frente, ou seja, é projetada para ser concretizada no futuro. “Político”, do grego politikós, relativo à política ou aos negócios públicos. No caso da escola, os negócios públicos são as teorias e práticas educativas. “Pedagógico”, de pedagogia, dos termos gregos paidós (criança) e agogé (condução). Pedagogia é a área do conhecimento que tem como objeto a prática educativa, esclarecendo como se instaura e se processa a ação educativa.  


Sendo assim, o PPP de uma escola nada mais é do que um conjunto, mais ou menos sistemático, de princípios, concepções e planos de ação de ensino e aprendizagem, visando efetivar um certo ideal de educação e, consequentemente, de sociedade.  


Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, um dos meios para viabilizar a escola democrática, autônoma e com qualidade social é o Projeto Político Pedagógico. A conquista da autonomia, por sua vez, pressupõe a construção da identidade de cada escola, “cuja manifestação se expressa no seu projeto pedagógico e no regimento escolar próprio, enquanto manifestação de seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática ordenação pedagógica das relações escolares”. (43)


Na elaboração do projeto político-pedagógico, além da concepção de currículo e de conhecimento escolar, deve haver espaço para a “compreensão de como lidar com temas significativos que se relacionem com problemas e fatos culturais relevantes da realidade em que a escola se inscreve”. (44)


Ainda de acordo com o documento citado, o Projeto Politico-Pedagógico deve constituir-se, entre outros pontos: do diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, contextualizado no espaço e no tempo; da concepção sobre educação, conhecimento e avaliação; da explicitação das bases teóricas que norteiam a organização do trabalho pedagógico, com foco nos fundamentos da gestão democrática, compartilhada e participativa (órgãos colegiados e de representações, estudantil e pais).


Além das questões estritamente filosóficas e pedagógicas (por exemplo, o estímulo à leitura da realidade, a interpretação do perfil real dos sujeitos, a determinação da curiosidade e da pesquisa como núcleo central das aprendizagens, pelos sujeitos do processo educativo), a organização do espaço físico também deve ser concebida pelo PPP, pois a configuração espacial da instituição escolar deve ser compatível com as características de seus sujeitos e se adequar a natureza e as finalidades da educação assumidas pela comunidade educacional. “Assim, a despadronização curricular pressupõe a despadronização do espaço físico e dos critérios de organização da carga horária do professor.” (44)


Quem está inserido no meio educacional, no entanto, constata que há um abismo entre o que é colocado  como referência de PPP pelas Diretrizes Curriculares e as práticas efetivamente observadas na maioria das escolas. É raro encontrarmos escolas que possuam concepções sistematizadas e rigorosas sobre os pressupostos filosóficos (concepção de ser humano, sociedade, conhecimento, ética, política, estética) que orientam (ou deveriam orientar) as escolhas pedagógicas e o trabalho didático-administrativo.  

Não é raro encontrarmos escolas onde cada professor/professora possui sua concepção (quando isso acontece é até menos nocivo, pois ao menos possuem uma) sobre educação e conhecimento, tem seu próprio “método”, avalia da forma que lhe é mais conveniente, possui uma leitura particular da realidade, etc., não havendo, portanto, práticas e representações comuns à coletividade escolar.
Ao invés de se configurar como instrumento de planejamento e avaliação, ao qual as equipes gestora e pedagógica devem recorrer sempre em que houver deliberação, escolhas e tomadas de decisões, o PPP acaba se tornando apenas um documento engavetado,  ou mesmo desatualizado ou inacabado, pois a razão de ser de sua existência, na maioria dos casos,  se deve à exigência legal-burocrática.


No meu modo de ver, o descompasso entre o que é sugerido nas diretrizes e o que realizamos na prática é fruto do “espontaneísmo” que predomina na educação, por sua vez, corolário da dicotomia entre teoria e prática.   Como sabemos, toda intervenção pedagógica que se queira consciente, intencional e eficaz deve esclarecer, previamente, quais os pressupostos teóricos orientarão a ação. No entanto, o que se observa é o predomínio de práticas e representações ametódicas, assistemáticas e fundamentadas no senso comum, justamente porque o PPP, que deveria ajudar no esclarecimento das referências práticas e teóricas mais adequadas para o trabalho pedagógico, não é vivenciado como deveria.


Consequentemente, são poucos os espaços que conseguem viabilizar os meios necessários para a construção de uma escola democrática, autônoma e com qualidade social.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Leitura e escrita: instrumentos da liberdade


Olá, amigo leitor, amiga leitora do Cabeça Bemfeita, tudo certo? Comecei a escrever o texto abaixo na manhã da quinta, 20, e só agora, sexta, à noite, dia 21, estou terminando. Como as postagens das quintas são destinadas à nossa formação continuada, falo sobre a importância das competências leitoras e escritoras para o nosso desenvolvimento, não só profissional, mas, principalmente, pessoal.

A programação da Cabeça Bemfeita TV e da Rádio Cabeça dizem respeito à postagem anterior, que fala sobre a nova música pernambucana. Na Cabeça Bemfeita TV, destaco a série "Filosofia do rock", coordenado e apresentado pela filósofa Márcia Tiburi. E na Rádio Cabeça, vocês conferem três das dicas por mim apresentadas no texto citado acima: Areia e Grupo de Música Aberta, ruido/mm e Ska Maria Pastora. Domingo, na próxima publicação, as outras bandas citadas no texto anterior serão escaladas na programação da Rádio Cabeça.

Gostaria de dedicar o texto de hoje a linguista e professora de Língua Portuguesa, Ana Maria Vasconcelos, exemplo de coesão e coerência no cuidado com nosso vernáculo.

***

O presente texto começou a ser redigido antes  de duas reuniões muito importantes para mim. Uma com um grupo de professores do Fundamental II, do Lubienska Centro Educacional, onde sou professor de Filosofia,  e outra com a Diretora Pedagógica, Rozário Azevedo, e o Diretor Financeiro da instituição, Guilherme Maciel. Tanto a conversa com os/as docentes, quanto com a equipe gestora, dizem respeito a minha busca por novos paradigmas epistemológicos, éticos, políticos e profissionais.

Como digo no texto A douta ignorância (ou em defesa das posturas crítica e reflexiva) quero levar minhas ideias e práticas para a apreciação e crítica públicas. Na verdade, o que venho buscando fazer é resgatar o conceito da Ágora grega  como espaço de discussão e deliberação sobre assuntos ligados à organização e administração da pólis (para além da "cidade-estado" grega, entendam "pólis" como todo e qualquer espaço físico e simbólico onde pessoas e/ou instituições estabelecem entre si relações morais, polítcas e/ou profissionais. Nesse sentido, "pólis", para mim, pode ser a família, a escola, o sindicato, o bairro, a cidade, etc). 

Com o surgimento da pólis, nasce a ideia de espaço público e com ela um novo tipo de palavra ou de discurso, "surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discutí-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa."   (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003, p. 38)

Nesse sentido, o uso competente da palavra, seja de forma escrita ou oralmente, torna-se fundamental em contextos de discussão, diálogo e deliberação, como no uiverso escolar, por exemplo. No presente texto defenderei a importância da leitura e da escrita como instrumentos imprescindíveis para uma participação social mais efetiva nas diversas esferas públicas das quais participamos.
 
Quando passei pela minha maior crise profissional, no biênio 2007-2008, percebi o quanto minha proficiência leitora e escritora deixavam a desejar. Tudo bem que já havia cursado dois anos de jornalismo, me formado em Filosofia e já havia três anos que era professor, mas, comparando com a competência e a eficiência com que hoje exerço a leitura e a escrita, sou obrigado a reconhecer que era um dos brasileiros que tinha sua cidadania limitada pelo fato de não ter desenvolvido adequadamente na educação básica tais competências.

Segundo as autoras do livro Temas de Filosofia, Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, leitura é a atividade de atribuir significados ao que acontece ao nosso redor, sendo "efetuada toda vez que lemos um significado em algum acontecimento, alguma atitude, algum texto escrito, comportamento, quadro, mapa [...]." (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Instrumentos do filosofar (apêndice). in Temas de Filosofia. 3 ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 320)

É óbvio que a tarefa de leitura, ou seja, de atribuir significados, depende da vivência do leitor, uma vez que é essa vivência que faz com que cada um de nós observe o mundo de uma forma singular. Sendo assim, nossa história de vida tem influência decisiva na nossa condição de leitores: experiências, gênero, idade, época, lugar, classe social, formação. (Aranha e Martins, 2005)

Como mostraram os números do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de 2009, quase 60% dos alunos brasileiros têm baixa proficiência, ou mesmo não fizeram nem a prova. Entre 65 países  participantes do PISA 2009,  o Brasil ficou com  a 53ª colocação. Infelizmente, prezado leitor, prezada leitora, até o momento em que passei a investir na leitura e na escrita como as competências fundamentais para sair do estado de alienação e reprodução ao qual estava preso, eu era um desses seis brasileiros, em cada grupo de dez, que ficam de fora das tomadas de decisões nas diversas esferas sociais por não terem construído durante a educação básica uma competência linguística mais consistente.

O meu ativismo em defesa de espaços dialógicos, críticos e reflexivos, que teve início com o Cabeça Bemfeita e continua agora com minha busca pelo uso da palavra argumentada nos espaços onde con-vivo com outros sujeitos, é um corolário do meu aprimoramento como leitor e escritor.

Nas duas reuniões citadas acima, procurei utilizar quatro competências apontadas pelo PCN da Língua Portuguesa (Ensino Fundamental) como fundamentais para o exercício da cidadania:


1) "expandir o uso da linguagem em instâncias privadas e utilizá-la com eficácia em instâncias públicas, sabendo assumir a palavra e produzir textos — tanto orais como escritos — coerentes, coesos, adequados a seus destinatários, aos objetivos a que se propõem e aos assuntos tratados";

2) "utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos: identificar aspectos relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos oriundos de diferentes fontes; fazer resumos, índices, esquemas, etc";

3) "valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário";

4) "usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua para expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica".

Amigo leitor, amiga leitora, seria praticamente impossível chegar aonde cheguei, ou seja, ser ouvido e ter minha fala (discurso) acolhida, ainda que com possíveis posicionamentos contrários, pelos meus companheiros e companheiras de trabalho, se eu não tivesse desenvolvido minimamente essas e outras habilidades linguísticas.  
Venho a cada dia expandindo o uso da linguagem em instâncias privadas e utilizando-a em instâncias públicas, acredito que com uma certa competência, já que venho conseguindo assumir a palavra e produzir textos (orais e escritos) coerentes, coesos e adequados aos meus destinatários (professores/professoras, coordenadores e diretores).

Hoje utilizo eficazmente a linguagem como instrumento de aprendizagem, ou seja, sei como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informações presentes nos textos. Por exemplo, o presente texto está sendo construído através da coordenação e encadeamento de algumas ideias próprias e outras provenientes de outros textos com os quais estou dialogando. As ideias com as quais dialogo aqui foram por mim acessadas, compreendidas e, agora, estou as utilizando.

Como estou expressando melhor meus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como tenho acolhido, interpretado e considerado os dos outros, contrapondo-os quando necessário, as minhas relações pessoais (incluindo casamento) tem melhorado sobremaneira.

Enfim, o usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua", tem me permitido expandir "as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica", imprescindíveis para todo aquele/aquela que deseja ser crítico, criativo, livre e responsável.

Fico por aqui, deixando uma provocação para nós, professores e professoras: se como vimos acima, seis em cada dez estudantes apresentam dificuldades para ler e escrever, sendo considerados analfabetos funcionais, e se nós, docentes, já fomos estudantes, não seria razoável pensar que em média seis, de cada dez professores, teriam dificuldades para ler e escrever? 

Bem, seja qual for sua resposta, o certo é que, antes de buscarmos construir os saberes e competências necessários para ensinar no século XXI, como defendem grandes mestre da educação contemporânea, devemos, antes de mais nada, voltarmos ao século XX e aprendermos a ler e a escrever adequadamente.

 

domingo, 16 de setembro de 2012

A nova música pernambucana

 
No dia 27 de agosto li uma reportagem no caderno Programa, da Folha de Pernambuco, sobre a iniciativa de China, cantor, compositor e agora VJ da MTV, e Homero Basílio, sócios do Estúdio das Cavernas e do selo Joinha Records, de abrir espaço para novos talentos da música pernambucana através do projeto “Novas Jóias”.
 
Haverá uma análise dos vídeos enviados para a página do Joinha Records no facebook (infelizmente, leitor, leitora do Cabeça, se você desenvolve algum projeto e se interessou, as inscrições foram até ontem) e os vencedores passarão a fazer parte do casting do selo, além de contar com apoio logístico (gravação de um disco no estúdio da dupla, videoclipes e shows) para darem os primeiros passos no show business.
Para Homero Basílio, um dos idealizadores do projeto, “essa iniciativa é importante tanto para os músicos quanto para a cena musical da Cidade, pois busca uma renovação deste panorama. Além de ser uma alternativa aos editais públicos que, muitas vezes, acabam sendo o único caminho que o artista encontra para gravar seu disco”.
Ao ler essa reportagem me veio a ideia de começar a discutir sobre arte através da música. Quatro razões me levaram a começar pela música e não pelas histórias em quadrinhos ou cinema, duas outras linguagens artísticas que me proporcionam experiências estéticas mais intensas e significativas. 
A primeira é que desde a pré-adolescência a música tem representado para mim um momento de transcendência, de superação das minhas angústias, dúvidas e incertezas, possibilitando um estado de plenitude. Costumo dizer que através da música me aproximo do Ser de forma mais rápida e intensa do que a Filosofia. É aquela coisa, a Filosofia é um conhecimento mediado pala razão, há todo um trabalho de construção conceitual, onde ideias vão sendo elaboradas, reunidas (ou afastadas) em categorias, formando verdadeiros sistemas conceituais sobre algum aspecto da realidade que se apresenta problemático, duvidoso ou encantador. Só depois de muito labor intelectual é que os filósofos se aproximam do que seria o "ser"  das coisas. Já com a música é diferente. Quando ouço uma composição (aqui me refiro à música, ou seja, a parte instrumental da canção, o que, obviamente inclui a voz, e não à letra) ou quando toco, por alguns instantes a singularidade da minha existência é suspensa e eu experimento um estado de completude, como se por algum momento eu passasse a fazer parte do todo, como se eu e o universo fossemos um e a mesma coisa. "Doidera", né, galera? É nada! É só um exercício de aprimoramento estético!
A segunda é que darei aos meus estudos um corte histórico. Como  a música é, segundo os estudiosos, uma das primeiras manifestações artísticas, começarei minha viagem pelo universo artístico pela linguagem que utiliza o som e o silêncio como expressão.
A terceira razão é que, não é pelo fato de ser pernambucano (ou melhor, é também!), mas considero a música feita no estado onde nasceram Chico Science e a galera da Nação Zumbi uma das mais criativas do mundo. Como  o espírito do Cabeça também é ser uma plataforma onde sistematizerei meus estudos dentro das áreas que despertam meu interesse (como a arte em geral e a música em particular) e como gosto muito do som feito aqui, resolvi fazer um mapeamento do que tá rolando de interesse na atual "cena" musical pernambucana.
Por último, e não menos importante, sou professor. E como vocês sabem, o professor tem que ter, além dos saberes e competências da profissão (conhecimentos da sua área específica e da pedagogia), uma formação cultural mais ampla, o que inclui sua formação ética, política e estética. Esse é um excelente momento para investir no meu desenvolvimento estético, que estava um tanto quanto adormecido devido aos sete anos de trabalho alienado do qual fui vítima até 2011.  Além disso, é uma forma de colaborar com a ampliação das referências  musicais de vários amigos e amigas professores e professoras, ainda presos aos clássicos Alceu Valença, Geraldo Azevedo (que têm um trabalho muito criativo no início de suas carreiras, depois transformado em atividade rotineira  e, quando muito, Chico Science  (que por sinal, gosto bastante de todos eles, os dois primeiros, principalmente, no início de suas carreiras).  
Apresentadas minhas motivações, se me permitem, gostaria de fazer alguns esclarecimentos. O lugar de onde falo é de amador (aquele que ama) da música. Nunca estudei música, apenas procurei me informar sobre o vocabulário básico dessa forma de expressão para poder compreender, ainda que minimamente, seus códigos. Portanto, minhas escolhas se fundamentam mais na intuição e na sensibilidade (e nas condições, técnicas e procedimentais, de acesso) do que na razão.  As bandas que julgo interessantes, apesar de bastante heterogêneas, têm algo em comum: todas são, de acordo com meus critérios (intuitivos, como falei acima) criativos e originais. Entendo que uma composição é criativa e original quando seu autor/autora, mesmo partindo de gêneros e estilos já existentes, se apodera de uma (ou várias) linguagem musical e consegue expressar uma fala (ou seja, um discurso) própria, autônoma, para além dos cânones impostos pela indústria cultural. 
Bem é isso, mais sobre arte e música na página AISTHESIS. E enquanto a nova "jóia" da música pernambucana não aparece, por que não mapear o que tem rolado de mais interessante na atual safra da música ou feita aqui no estado ou relacionada, de alguma forma, aos ritmos feitos como no caso das últimas dicas, que tenha alguma relação com nossa terra.   
Uma última coisa: as páginas MÉDIA MÍDIA e  (CONS)CIÊNCIA E TECNOLOGIA começarão a ser movimentadas nos próximos dois domingos, respectivamente. 
Sem mais delongas, fiquem com a nova safra da música pernambucana!
 
Comecemos pelo projeto Grupo de Música Aberta, idelizado por Areia, contrabaixista da Mundo Livre S/A e produtor musical. Achei bem interessante o diálogo entre bateria, sax, acordeon e contrabaixo. Abaixo um tributo ao compositor e guitarrista português Carlos Paredes. Essa música e vídeo foram gravados no Estúdio Das Cavernas, citado por mim no início da postagem. O Grupo de Música Aberta é formado por Cássio Cunha na bateria, Ivan do Espírito Santo no saxofone, Julio Cesar no acordeon e Areia no contrabaixo. Mais sobre o trabalho de Areia no site http://www.musicareia.com/br/index.php.
 
 
 
 
 
Gravado entre os meses de março e agosto de 2007, o projeto CAFÉ PRETO, só agora, em 2012, foi lançado. Idealizado por Canibal, baixista e vocalista da banda de punk rock e hardcore, Devotos,  o trabalho se aproxima do dub e do ragga.  A mixagem ficou por conta de Victor Rice, nova-iorquino responsável pelo "The Dub Side of the Moon", releitura dub do clássico "Dark Side of the Moon", feita pelo Easy Star All-Stars, do Pink Floyd. Fred Zeroquatro e Areia (mundo livre s/a), Chico Tchê, Publius, Ori, Marcelo Campello, Berna Vieira e Zé Brown, além do carioca Ras Bernardo, colaboraram o projeto. No endereço http://cafepreto.mus.br/ dá pra baixar o disco. Abaixo Café Preto trechos do ensaio, da passagem de Som  e do show de lançamento no UK Pub, Recife, PE.
 
 
 
 
 
Continuando nos ritmos vindos da terra de Bob Marley, a próxima dica é a banda Ska Maria Pastora. Formada por Deco do Trombone, Leo Oroska (percussão), Sanzyo Dub (bateria), Vítor Magall e Jayme Monteiro (guitarras), Valdir Pereira (baixo) e Leo Vinesof (teclado). A banda conta ainda  as participações especiais de Fabinho Costa (trompete), Nilsinho Amarante (trombone) e Parrô Mello e Rafinha (saxofones). "As margens da Rio Doce", disco lançado esse ano, dá continuidade ao trabalho da banda depois do elogiado EP,  lançado em 2008. No novo trabalho  a banda traz composições autorais e dois clássicos do frevo pernambucano, ‘Cabelo de fogo’ e ‘Elefante de Olinda’. Essa última vocês conferem abaixo. 
 
 

 
 
Sasquat é filho de Bugão, respeitado técnico de som do país, e irmão de Buguinha Dub, produtor  e músico que já trabalhou com nomes como Chico Science e Nação Zumbi, Mundo livre S/A, Lucas Santtana, Planta e Raíz, entre outros. Com os amigos Hugo Carranca (bateria), Igor San (baixo) e com produção de Buguinha Dub,  gravou o disco "Alfazema". Nele os músicos passeiam pelo sambarock, afrobeat, trip hop, guaracha. No site http://www.sasquatman.com.br/   dá para ouvir, baixar e/ou comprar o disco. Abaixo a música "como você".
 
 

 

 
A Orquestra contemporânea de Olinda (OCO) desde que lançou seu primeiro e homônimo disco, em 2008, só viu crescer sua credibilidade. Indicada ao Grammy Latino 2009, na categoria de 'Melhor Álbum de Música Regional Brasileira,  show considerado um dos melhores de 2008, ficando em 2° entre os nacionais, segundo o jornal O Globo e finalista da categoria regional do Prêmio da Música Brasileira 2009, a OCO lançou esse ano seu segundo álbúm, "Só pra ficar". O trabalho contou com a produção de Arto Lindsay e mostra a banda se equilibrandp entre o frevo, a fanfarra e o pop. Abaixo, a banda ao vivo com prticipação de Arto Lindsay. 
 

 
 
 
Finalizando esse meu pequeno mapeamento sobre a atual produção musical feita em e/ou com alguma referência à minha terra, Pernambuco, deixando vocês com um dos melhores discos que ouvi esse ano dentro do cenário pop: o álbum "Introdução à cortina do sotão", lançado em 2011, da banda curitibana ruído/mm (ruído por milímetro). A razão da banda formada por Giovani “Giva” Farina (bateria), Alexandre Liblik (piano), Rafael Panke (baixo), Ricardo “Pill” Oliveira (guitarra) e André Ramiro (guitarra) está presente aqui é porque no próximo sábado haverá show aqui no Recife, no festival No Ar Coquetel Molotov. Fica aí a dica para quem gosta de sonoridades experimentais, indo do jazz ao punk, passando pela psicodeia, post rock e até tango. No site da banda, o http://www.ruidopormilimetro.com/, dá para baixar o trabalho mais recente e materiais anteriores. Fiquem com o vídeo da música "o prestidigitador", do disco mais recente.
 
 
 
 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ok, computador!


No último domingo, 02 de setembro, fui vítima da minha limitação digital. Abri o blog e antes de começar a escrever a postagem dominical estava dando uma mexidinha aqui, organizando alguma coisa ali, quando de repente fiquei sem várias funções de edição do blog, entre elas postar vídeos, links, nem mesmo formatar os textos. Na segunda-feira, inclusive, cheguei a publicar um informe explicando o ocorrido.   

Vocês não sabem o desespero que tomou conta de mim! Como já falei por aqui no blog, sou autodidata (obviamente que tenho diploma, mas o que aprendi não veio de nenhum professor, mas do meu próprio esforço!),  não só no que se refere à educação formal, como também à cultura digital. Até fevereiro do presente ano, este que vos escreve apenas utilizava a internet para enviar e receber emails (às vezes), ouvir, assistir e baixar músicas e vídeos. Foi aí que, dentro do meu processo de formação continuada, percebi o potencial crítico, criativo e pedagógico das tecnologias da informação e da comunicação.

Na verdade, sempre soube da importância da tecnologia no mundo contemporâneo, mas, devido ao meu analfabetismo digital, por sua vez fruto do meu analfabetismo funcional (é prezado leitor, prezada leitora, apesar de hoje em dia eu ter uma certa competência para ler e escrever, fui, até bem pouco tempo, vítima da péssima qualidade da educação brasileira que exclui seis de cada dez brasileiros da cidadania efetiva, pois não sabem ler e compreender textos mais elaborados), nunca me preocupei  em dominar a linguagem da internet.

Passei a investir, então, na minha alfabetização digital, na verdade, um corolário (caso algum dos seis brasileiros em cada grupo de dez que não sabe ler adequadamente tiver acesso ao presente texto, corolário é a consequência de uma verdade já estabelecida, ou seja, uma consequência nCecessária de uma proposição já demonstrada) do investimento que venho fazendo nos últimos dois anos para aprimorar minhas competências leitora e escritora. Depois de fazer um verdadeiro intensivo, hoje escrevo e edito o blog Cabeça Bemfeita e tenho até perfil no facebook!
Eis que domingo último um incidente me fez ver o quanto nossa limitação com relação ao domínio dos diferentes códigos (seja a língua materna, a linguagem da internet, ou mesmo o inglês, língua universal dissiminada pelo mundo através dos países hegemônicos do capitalismo, Inglaterra nos séculos XVIII e XIX, EUA, no XX) pode prejudicar nossos projetos. Simplesmente havia apertado, sem querer, claro, um comando que permite ao usuário do blog editar textos e diagramar sem se limitar as possibilidades sugeridas pelo programa. Só que, quando tal recurso foi acionado, várias outras funções que paulatinamente foram por mim dominadas, ficaram inacessíveis. 

Tal fato, além de mais uma vez pôr à prova as competências reflexivas que venho construindo, uma vez que precisava avaliar a situação, identificar o problema e solucioná-lo, serviu também para fornecer o tema da postagem de hoje: a importância das tecnologias da informação e da comunicação no trabalho pedagógico.

Melhor do que ninguém, nós, professores e professoras, sabemos o quanto a tecnologia está presente no cotidiano dos nossos/nossas estudantes. Jogos eletrônicos, redes sociais, celulares, ou mesmo mídias mais tradicionais, como o cinema e a televisão, disputam corações e mentes da chamada Geração Z com nossas disciplinas, atividades de sala e casa, avaliações e métodos didáticos caros à sociedade industrial, mas incompatíveis com as exigências da chamada era da informação, da comunicação e do conhecimento, fundamentada, justamente, pelas tecnologias da informação.

Bem, tal “competição”, entre saberes escolares (educação formal) e saberes da vida (educação informal), não se sustenta em uma escola reflexiva, pois, como sua práxis é intencional, sabe que toda teoria (disciplinas) nasce da prática social, ou seja, da vida, já que as leis e conceitos científicos são fruto da observação, problematização e construção de esquemas explicativos sobre a realidade natural e cultural.

 Acredito que os professores e as escolas deveriam se apoderar criticamente da linguagem que os/as estudantes fazem uso para levá-los/las à uma reflexão crítica sobre que ferramentas são essas que esses jovens têm acesso cada vez mais cedo, a quais interesses servem, quais suas finalidades, quando e como devemos utilizá-las, superando, assim, os preconceitos e o discurso do senso comum.
 
Segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha, “desde o final da década de 1960 e de modo acelerado na década seguinte, a revolução da tecnologia da informação, pela disseminação do uso de computadores e das facilidades de comunicação processadas pelas infovias, tais como a World Wide Web (literalmente, ‘teia do tamanho do mundo), inaugurou um mundo novo da chamada sociedade da informação, caracterizada pela valorização dos produtos de informação.” (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda,.Filosofia da educação. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo, Moderna, 2009, p. 66)

Como não poderia deixar de ser, a educação sentiu o impacto de tais mudanças, pois  o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico impôs "à escola um novo posicionamento de vivência e convivência com os conhecimentos capaz de acompanhar sua produção acelerada.” (Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio). As tecnologias da informação e comunicação vêm promovendo alterações “no comportamento das pessoas e essas mudanças devem ser incorporadas e processadas pela escola para evitar uma nova forma de exclusão, a digital.” (Ibidem)
 
O professor que leciona no mundo de hoje não pode deixar de utilizar as tecnologias da informação e da comunicação sob pena de ver a qualidade do seu trabalho ficar seriamente comprometida. Tanto é verdade que as diretrizes propostas no I Plano Nacional de Educação 2001-2010 colocam o "domínio das novas tecnologias de comunicação e da informação e capacidade para integrá-las à prática do magistério" como um saber que o professor deve ter, ao lado de outras qualidades necessários para o exercício da profissão, como "sólida formação teórica nos conteúdos específicos a serem ensinados na Educação Básica, bem como nos conteúdos especificamente pedagógicos" e a "pesquisa como foco formativo" (Ibidem, 2010, p. 30).
 
 No entanto, como diz Guilherme Canela Godoi, coordenador de comunicação e informação no Brasil da Unesco, “ainda é muito incipiente a formação de professores com a perspectiva de criação de competências no uso das tecnologias na escola.”

 Para Lynn Alves, pedagoga citada no texto Educação e Tecnologia: uma aliança necessária, a equalização entre educação e tecnologia é muito difícil de ser conseguida. Segundo ela, os professores “até admitem utilizar o computador e a internet para preparar as suas aulas, mas não conseguem ainda utilizar as mesmas nas suas atividades em sala de aula, como instrumento pedagógico”.

Difícil, realmente, é, mas não impossível. Eu que o diga: saí de uma condição de analfabetismo digital para a condição de produtor de informação e conhecimento. Tudo isso porque revi preconceitos e limitações e passei a utilizar a tecnologia como importante ferramenta de trabalho, não só para dialogar melhor com a garotada, mas, principalmente, poder potencializar meu processo de formação continuada e melhor expressar minhas ideias e posicionamentos.

Apesar do meu encantamento com o universo tecnológico e de já estar percebendo a mudança na qualidade do meu trabalho proporcionada pela minha inclusão no ciberespaço, tanto é que tecnologia é um dos conceitos fundamentais para meus projetos pessoais e profissionais, tenho consciência que o ainda incipiente domínio das novas tecnologias de comunicação e da informação e a capacidade para integrá-las às minhas práticas pedagógicas vieram em decorrência do meu aprimoramento como leitor e escritor.

Afinal, prezado, leitor, prezada, leitora, se somos leitores e escritores competentes, somos capazes de decodificar a realidade nos mais variados códigos e linguagens.



Zebé Neto
filósofo, escritor e educador
 
 
P.S. Para quem não se "ligou", o título da postagem é uma referência direta ao disco "Ok Computer", terceiro álbum de estúdio da banda britânica Radiohead, lançado em 1997 e considerado pela crítica especializada um dos melhores álbuns de rock da década de 1990 (na minha opinião, um dos melhores de todos os tempos).  As letras do disco trazem reflexões sobre a chamada sociedade pós-industrial, evidenciando questões sobre tecnologia, consumo, individualismo, ideologia e alienação.


Assim como a banda liderada por Thom Yorke disse para o "computador", ou seja, para a tecnologia: "Tudo bem, você está aí! Aproveitemos crítica e criativamente o que você tem de melhor e denunciemos quando seu uso se destinar a desumanização", digo eu: "Vou utilizar as tecnologias da informação e comunicação para superar minhas limitações intelectuais, políticas e estéticas e, ao mesmo tempo, oferecer uma reflexão crítica sobre as implicações éticas que o uso destes meios/instrumentos acarretam." 



Fiquem com três grandes hits do Ok Computer: "Paranoid Android", "Karma Police" e "No Surprises".


 
 
 
 
 
 
 
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 E não deixem de conferir a Cabeça Bemfeita TV e a Rádio Cabeça. Na programação da primeira, vídeos selecionados a partir da palavra-chave "educação e tecnologia". Já na grade da Rádio Cabeça, uma galera que utiliza, uns mais, outros menos, a tecnologia para produzir suas composições. Os alemães do Kraftwerk, grupo pioneiro da música eletrônica, os ingleses do Massive Attack, banda ícone do Trip-Hop, música eletrônica marcada por batidas desaceleradas (menos de 120 bpm) e pela presença de instrumentos convencionais, a islandesa Björk, cantora, compositora, atriz, instrumentista e produtora musical e que se aventura no rock, jazz, música eletrônica, clássica e folclórica, e  o DJ Dolores, expoente da música eletrônica pernambucana, foram escalados para apresentar, na Rádio Cabeça, as possibilidades de texturas sonoras que a tecnologia pode ajudar a construir.

Na página FORMAÇÃO (DES)CONTÍNUA vocês encontram dois textos que continuam a discussão sobre tecnologia e educação. O primeiro traz uma reflexão proposta pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio sobre a mudança que as novas tecnologias vêm impondo à educação, enquanto o segundo, um ensaio on-line do especialista em mudanças na educação presencial e à distância, da USP, José Manuel Moran, apresenta a visão do estudioso sobre as consequências que as novas tecnologias têm provocado nessas duas modalidades de ensino.

Vou ficando por aqui.  Valeu a atenção e um forte abraço!
 
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

POSSÍVEL MUDANÇA

Prezado, leitor, prezada, leitora do Cabeça Bemfeita, tenho tido alguns probleminhas (por exemplo, a formatação do presente texto, não foi assim que fiz!) para editar no blogger, o que me faz buscar uma nova plataforma para continuar oferecendo um espaço de discussão e crítica para vocês. Ainda vou tentar resolver os problemas que venho tendo. Se não conseguir, volto próxima quinta, possivelmente através do WordPress. Conto com a compreensão de vocês! Zebé Neto filósofo, escritor e educador