sábado, 20 de abril de 2013

Primeira noite do Abril Pro Rock 2013: do clássico Television ao ska turbinado do Móveis Colonias de Acaju


Ontem fui para o festival Abril Pro Rock para sacar o show do Television e ver as atrações pernambucanas como parte do projeto Sons de Pernambuco, projeto de pesquisa que estou desenvolvendo no Lubienska e que consiste em investigar, junto com a garotada, a história, os estilos e o discurso das canções feitas em nosso estado. Como o foco do meu trabalho vai ser uma "breve história do rock e rap pernambucanos" nada melhor do que acompanhar a galera mandando ver seu som ao vivo!

O show do Television (para mim o melhor da noite, em função da minha formação e experiências estéticas),  que já tava muito bom, ficou melhor ainda depois que um (ou uns) engraçadinho (s), lamentavelmente, por duas vezes jogou alguma coisa no palco (me pareceu algum lanche, como coxinha ou pastel), atingindo, na primeira, Tom Verlaine, vocalista e considerado um dos grandes guitarristas do rock'n'roll, que devolveu o presentinho e, na segunda, Richard Lloyd, também guitarrista e vocais, que, além de devolver a "gentileza", ainda fez o gesto universal do dedo em riste. O ocorrido despertou o "espírito rock'n'roll" dos "velhinhos" que a partir dali, com o apoio manifestado  por um público formado, na sua grande maioria, por uma garotada que nasceu bem depois do disco de estréia banda, Marquee Moon, lançado em 1977 e presente em várias listas de melhores álbuns de rock de todos os tempos, se soltaram mais.

Contratempos à parte, foi muito bom poder ouvir ao vivo músicas que aprecio, como "friction" e "prove it", de uma de minhas bandas preferidas.  Abaixo, a música que dá título ao álbum clássico da banda, Marquee Moon.



Das atrações pernambucanas só consegui ver o show de Siba, uma vez que cheguei na última música da Volver. Uma pena, pois não consegui ver qual é das outras duas atrações do estado, Tagore e nem Babi Jaques e os Sicilianos, duas da recente safra de bandas pernambucanas e que vêm se destacando. Fica pra uma próxima, então!.

Gostei muito do som que Siba tá fazendo. O cara tá equilibrando bem a herança musical do nosso estado com as influências do universo pop, percebidas pela presença de acordes eletrificados emitidos pela guitarra do pernambucano no seu mais novo trabalho, Avante, de 2012. Confiram abaixo, Ariana, composição do referido álbum.

  

Com relação aos outros shows, me surpreendi positivamente com Marcelo Jeneci, pois meu preconceito tinha me impedido de ter escutado direito o cantor e multiinstrumentista paulista. Apesar de esteticamente me interessar por outros sons, devo admitir que o trabalho do autor de “Feito Pra Acabar”, um dos melhores discos de 2010, segundo a imprensa especializada, como a revista Rolling Stone, é bom. Destaque para a banda que o acompanha e para vocalista que divide os vocais com Jeneci, a jovem Laura Lavieri. 

Mostrando músicas do novo trabalho e fechando a primeira noite do festival, Móveis Colonias de Acaju mandou ver na sua mistura envenenada de rock e ska e na tradicional agitação, performance, coreografias e carisma do vocalista, André Gonzáles, sem descuidar do principal: a competência com que os músicos executam seus instrumentos (dois integrantes da banda são bacharéis em música) Confiram no vídeo abaixo uma pequena mostra da apresentação de ontem.


Gostaria muito de ir hoje, noite dedicada ao som mais pesado, que entre as atrações tem o punk do Dead  Kennedys (apesar da ausência do vocalista Jelo Biafra, ainda assim, um momento histórico, pois os Kennedys são uma das principais referencias do punk), o punkrockhardcore da Devotos e o brutal death metal do Krisium. Não tenho ouvido tanto um som mais pesado ultimamente, mas seria interessante acompanhar as bandas pernambucanas, uma vez que no projeto Sons de Pernambuco pretendo mapear também a cena metal do nosso estado.

Infelizmente, como sou professor, não ganho o suficiente para ter o luxo de ir dois dias seguidos para um evento como o Abril (e olhe que, comparado a outros shows que o Recife vem recebendo, o Abril Pro Rock até que não é caro, eu é que ganho pouco!). Sem falar que hoje terei que ficar com meus filhos, Caio e Ravi, pois mamãe Sabrina Carvalho precisa trabalhar hoje à noite, na banca da editora Livrinho de Papel Finíssimo, montada justamente no festival.

Na Cabeça Bemfeita TV, a palavra-chave foi história do rock. Entre os vídeos, uma Breve história do rock e outros dois com as famosas listas: uma com os 15 maiores vocalistas e outra com os 10 maiores bateristas da história do rock. Já na Rádio Cabeça, a palavra-chave foi Marquee Moon. Lembro que os vídeos são selecionados pelo YouTube, a partir das palavras que sugiro.

Finalizando, gostaria de pedir um favor: quem quiser contribuir com o projeto Sons de Pernambuco, por gentileza, indicar bandas pernambucanas de rock (num primeiro momento consideremos "rock pernambucano" bandas que tenham em sua formação o trio base guitarra, baixo e bateria) e rap.   

Grato por terem dedicado parte do precioso tempo para me ler! Semana que vem volto com a terceira parte da Paideia a Caio e a Ravi. Abraço forte e até lá!


Zebé  Neto
filósofo e escritor

2 comentários:

  1. Zebé,

    eu tava ontem no Diálogos Interacionais lá no cesar.edu, e comecei a ver outros textos do teu blog, e acabei achando esse teu sobre música e o APR 2013. Eu achei muito interessante e foda, a tua sacada de trabalhar música com a gurizada, eu acho que antes de professor de filosofia (ou qualquer outra matéria), um professor é um EDUCADOR (pra mim, aquele q educa), ou seja, partindo desse principio, acho q faz todo sentido esse trabalho com musica. Porque estimula eles a procurar, a conhecer, a escutar novas coisas, novos sons, novas misturas de ritmos, e fugir daquele "prato pronto" que a mídia (como radio e TV) nos enfiam. Acho muito interessante, pessoas terem uma formação musical além do Faustão. Eu compartilhei um post de Lucio Maia (guitarrista do Nação Zumbi) no Facebook, e eu deixo aqui a pergunta que ele fez, só pra instigar uma discurssão: "Será que as grandes massas escutam o que escutam por que simplesmente gostam? Ou não conhecem outras coisas?", se vc quiser ver, o post é esse --> https://www.facebook.com/frankjuniorr/posts/549386915113094

    Abração

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  2. Pois é, Frank, é como vc falou: um professor é um educador, o q significa dizer q sua responsabilidade em "formar" outros sujeitos vai além da transmissão dos conteúdos de sua disciplina (qualquer q seja a área do conhecimento), abrangendo as dimensões éticas, políticas e estéticas. É isso que pretendo com o projeto, permitir que a garotada (tão influenciada pela indústria cultural) possa conhecer outras referências, para além do Faustão!
    Obrigado pelos comentários e pelas dicas!
    Forte abraço e vamos dialogando!

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