quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Profissão professor: desafios e saídas

Olá, leitor e leitora do Cabeça Bemfeita, tudo bem? O texto que vocês lerão abaixo foi publicado na última quinta. Ontem e hoje fiz algumas revisões e acréscimos. Os principais acréscimos foram: um texto da educadora portuguesa Isabel Alarcão sobre "o papel do professor na sociedade da informação" que postei na página FORMAÇÃO (DES)CONTÍNUA e a nova programação da Cabeça Bemfeita TV e da Rádio Cabeça que, em sintonia com a postagem, presta uma homenagem (dentro do espírito crítico e reflexivo do blog, claro!) ao professor. Na Cabeça Bemfeita TV vocês conferem as ideias do encantador filósofo e educador Rubem Alves, enquanto na Rádio Cabeça, minha homenagem em forma de música, através  das representações sobre a escola e, consequentemente, sobre o professor, das bandas Pink Floyd, Bad Brains, Patife Band e Gabriel O Pensador.

Um último informe antes do texto: as postagens sobre filosofia, arte, ciência, tecnologia e comunicação serão agora publicadas nas segundas, enquanto as postagens dedicadas a nossa formação continuada continuam sendo publicadas nas quintas-feiras.

Espero que vocês gostem! Finalmente, fiquem com o texto:

Profissão professor: desafios e saídas

Era minha intenção que o presente texto tivesse sido publicado na última segunda, dia 15 de outubro, Dia do Professor. Acontece que, como ainda ganho a vida apenas como professor (o que implica muito trabalho, pouca remuneração e ausência de ócio criativo para me dedicar às artes e à literatura), não tenho tido muito tempo para escrever como gostaria.

Aliás, não tenho nem conseguido manter a regularidade das publicações das quintas (voltadas para a formação continuada) e dos domingos (direcionadas para a discussão de temas diversos, como arte, filosofia, comunicação e tecnologia), como o leitor e a leitora que acompanham o blog mais de perto já perceberam.

De qualquer forma, como aqui a preocupação com a valorização do trabalho docente é permanente, não importa muito o dia em que o texto está sendo publicado. O importante é que no Cabeça Bemfeita,  prezado professor, prezada professora, em qualquer dia do ano vocês encontrarão um espaço de reflexão e crítica sobre os desafios e as possibilidades colocadas pela sociedade contemporânea ao ofício de professor.

Como hoje é quinta-feira, dia reservado para nossa formação continuada, e aproveitando a “semana” do Dia do Professor, levantarei alguns desafios que nós, docentes, enfrentamos na atualidade e, em seguida, apontarei, com base na minha própria experiência e em alguns autores com os quais venho dialogando, algumas possíveis saídas para combatermos a tão falada crise civilizacional e, consequentemente, educacional, pela qual passamos.


Os desafios

Como a prática social deve ser o ponto de partida e de chegada da prática educacional, devemos estar atentos e atentas à relação sociedade-escola, pois o contexto sócio-histórico incide diretamente no nosso trabalho.

Como decorrência do desenvolvimento da ciência moderna e da tecnologia, a sociedade contemporânea vem se transformando num ritmo acelerado. As mudanças provocadas pelas novas tecnologias da informação e comunicação e os fenômenos da globalização possibilitaram a passagem da sociedade industrial à era da informação, da comunicação e do conhecimento.

Diferentemente da sociedade industrial, onde a posse dos meios de produção material (ou a posse da força de trabalho) definia as posições dos indivíduos na sociedade, na sociedade informacional o fator que determina o poder social de indivíduos e instituições é o tratamento da informação (Flecha e Tortajada, 2000).

Ora, como na sociedade da informação certas habilidades são valorizadas e requeridas, as pessoas que não dominam as competências impostas pelos grupos privilegiados que organizam, codificam e transmitem o conhecimento, correm o risco de ficarem excluídas dos benefícios proporcionados pela sociedade informação (Idem, 2000).

Até bem recentemente, eu fazia parte do enorme contingente de pessoas que nem sequer iniciou o processo de desenvolvimento das habilidades necessárias na sociedade da informação, como seleção e processamento de informação, autonomia no pensar e no agir, colocação e resolução de problemas, ser capaz de tomar decisões, trabalhar em equipe, ser flexível, etc.

Saídas


Um leitor fortuito, com uma formação mediana, que lesse algum dos meus textos pela primeira vez, poderia ser levado a acreditar que sou um mestre ou quem sabe um doutor em educação. Que nada! Essa razoável habilidade em utilizar as palavras, em comentar, discutir e relacionar conceitos ou mesmo selecionar, tratar e transmitir informações é algo bem recente na minha vida.


Ainda falta muita coisa para que eu chegue na identidade profissional que acredito ser a mais adequada para efetivar os objetivos de uma formação integral das novas gerações, no entanto, hoje, através das habilidades reflexivas que venho construindo na minha formação permanente, vejo mais claramente quais são os limites e as lacunas que impedem o melhor desempenho profissional que eu posso alcançar.

De qualquer forma, minha vida (não só profissional, mas também existencialmente falando) começou a mudar depois que eu passei a investir na minha formação continuada. Paulatinamente, fui tendo acesso a alguns autores e autoras que foram me mostrando que, apesar das dificuldades, temos condições de sairmos da crise. 
Um autor em especial, Philipe Perrenoud, tem me ajudado bastante no meu desenvolvimento teórico e prático com sua defesa da prática reflexiva e da implicação crítica da atividade do professor. 

Recentemente, na escola com a qual colabora, o Lubienska Centro Educacional, propus um diálogo e marquei uma reunião com os colegas professores e professoras do meu segmento pra ver se a gente começa a se movimentar para construir um  trabalho interdisciplinar. 
O resultado não foi lá essas coisas, mas valeu como um primeiro passo. Narro esse fato porque ele me permitiu uma aproximação do livro de Perrenoud que, apesar de ser o mais popular, ainda não tinha lido: 10 Novas Competências Para Ensinar. 

Como não fui formado em contextos de trabalho em equipe, mas quero muito desenvolver essa competência, e como tinha marcado com o pessoal, não custava nada dar uma estudada. Fui dar uma pesquisada na biblioteca da escola pra ver se encontrava alguma coisa sobre trabalho em grupo e eis que, logo de cara, no setor de Educação, vejo o livro citado. 


Das dez competências profissionais "que contribuem para redelinear a atividade docente" (Perrenoud, 2000, p. 12) que o sociólogo suíço aponta, selecionei cinco para compartilhar com vocês nas próximas quintas-feiras. São elas: "trabalhar em equipe", "participar da administração da escola", "utilizar as novas tecnologias", "enfrentar os dilemas éticos da profissão" e "administrar sua própria formação contínua". Selecionei essas cinco por considerar que as outras competências apontadas por Perrenoud ("organizar e dirigir situações de aprendizagem", "administrar a progressão das aprendizagens", "conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação", envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho" e "informar e envolver os pais") já estão, de acordo com minha leitura, pressupostas nas competências que comentarei.

É isso aí, pessoal, valeu a atenção e a compreensão de vocês. Próxima quinta eu volto trazendo algumas considerações sobre "Trabalhar em equipe". Até mais!



Zebé Neto
    filósofo, escritor e educador   

Referências bibliográficas

FLECHA, R. e TORTAJADA, I. Desafos e saídas educativas na entrada do século. In: IMBERNÓN, F. (Org.). A educação no século XXI: Os desafios do futuro imediato. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.





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