quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Assumamos nossa própria formação

Olá, leitor e leitora do Cabeça Bemfeita! 

Conforme a  nova identidade  do blog, hoje a publicação é especialmente destinada (mas não exclusiva, porque qualquer profissional, principalmente quem trabalha com informação e conhecimento, deveria se preocupar com sua formação) para o/a professor/professora. Para inaugurar nosso espaço de reflexão sobre nossa profissão, falo sobre a importância de assumirmos nossa própria formação, pois dificilmente encontraremos instituições, sejam cursos de pedagogia/licenciatura ou escolas, que promovam uma formação adequada .

Acompanhando a discussão da postagem, a Cabeça Bemfeita TV traz alguns vídeos sobre formação continuada. Lembro que os vídeos são selecionados automaticamente pelo youtube a partir das palavras-chave que sugiro, por isso, a qualidade dos vídeos em cartaz variará bastante.

Já na Rádio Cabeça, procurei priorizar artistas que dialogam mais de perto com a cultura juvenil. Geralmente nós, professores, por considerarmos que nossos estudantes só escutam músicas de menor valor, tendemos a impor-lhes obras consideradas de inegável qualidade estética. Obviamente que Chico (Buarque), Caetano e Gil têm muito o que dizer para as novas gerações. Isso não impede, contudo, que tragamos para sala de aula a galera mais jovem que também vem mandando seu recado. Mundo Livre s/a, Devotos, Criolo (que inclusive estabeleceu um diálogo com Chico Buarque com um rap feito a partir da música "cálice") e Racionais MC's, que vão se revezar na programação da Rádio Cabeça dessa semana, representam ótima oportunidade para reflexão sobre questões éticas, políticas e estéticas.

Espero que gostem! 


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Assumamos nossa própria formação


Sempre que os números oficiais da educação brasileira são divulgados, como na última semana, quando foi anunciado na terça, 14, o resultado do último  Ideb ressurge a discussão sobre um maior investimento na melhoria da qualidade da educação no nosso país.
 
Falar em melhoria na qualidade da educação significa falar na revalorização (ou melhor, valorização, pois essa nunca foi uma preocupação do nosso país) da profissão docente. Obviamente que revalorizar (ou valorizar) significa pagar  salários mais justos. Mas, no meu entender, mais importante até do que salários elevados, é o cuidado com a formação do professor.
Em tese, um professor bem preparado teria condições de, através do seu trabalho intelectual transformador, construir uma existência, material e simbólica, satisfatória.
E como um profissional da educação se torna bem preparado? Resposta óbvia: nos cursos de pedagogia e licenciatura, aos quais cabe “proporcionar uma compreensão sistematizada da educação, a fim de que o trabalho pedagógico se desenvolva para além do senso comum e se torne realmente uma atividade intencional.” (ARANHA, 2008, p. 44)  
No entanto, a maioria dos cursos de formação realiza uma atividade meramente burocrática, ao invés de serem momentos efetivos de reflexão e estudo obre a educação.
Como as escolas também não abrem espaço para a formação continuada do professor (por favor, não me venham dizer que aquelas palestras das semanas pedagógicas, proferidas por renomados especialistas em algum tema da moda, ou aquelas "reuniões pedagógicas" estéreis onde se discute de tudo, menos o pedagógico, funcionam como formação continuada!), significa que o profissional que não teve o privilégio de ter uma formação inicial adequada (a grande maioria), tenderá a ser um professor mediano, aquele que só executa as políticas pedagógicas determinadas de cima para baixo por uma minoria de burocratas, na maioria das vezes, sem conhecimentos e competências necessários para a construção de uma proposta pedagógica democrática e significativa.
Por experiência própria, digo-lhes: a satisfação e a realização com a nossa profissão é proporcional a qualidade da nossa formação. Até o momento em que estive preso a ilusão de que por haver me formado em Filosofia, poderia ser professor, minhas experiências profissionais foram frustrantes.
Mas, quando despertei do sono dogmático e percebi minha ignorância (devido a minha formação descurada), minha relação com a profissão (e comigo mesmo) começou a mudar. Hoje, prezado professor, prezada professora, vivo o momento mais pleno e feliz da minha vida (profissional e pessoalmente falando), pois, há uns quatro anos, rompi com o medo e a ignorância e assumi meu próprio processo de formação permanente.
Se ainda tenho dificuldades para efetivar a educação dos meus sonhos, pelo menos desenvolvi (e continuo aprimorando) algumas competências crítico-reflexivas que me permitem compreender minha situação, avaliar minhas práticas e representações e apresentar soluções criativas quando as dificuldades cotidianas as exigirem.
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A partir de hoje, toda quinta-feira, gostaria de compartilhar com vocês um pouco das informações e conhecimentos que venho construindo nesse meu processo de autoformação permanente. Quem sabe minhas experiências possam estimular outros professores e professoras a assumirem a condução do seu próprio percurso de formação.
A cada nova postagem, aprofundarei na página FORMAÇÃO (DES)CONTÍNUA algum conceito, tema ou problema citado nos textos publicados. Hoje, por exemplo, falo sobre a qualificação, a formação pedagógica e a formação ética e política. Entrem lá e confiram!  
Abração e até quinta!

Zebé Neto
filósofo, escritor e educador

 

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